5 de fevereiro de 2009
A dor não é dos que vão.
A pessoa que vai embora em passos arrastados, lentos, como se fosse parar, quase tentando voltar atrás, vendo um novo caminho formar-se debaixo dos seus pés; olha para trás, saudoso, tentando não esquecer nenhum fragmento do passado-tentando não sair dele: essa não é aquela que realmente sofre.
O sofrimento é dos que ficam.
Assistindo ao outro partir, sentindo a sua dificuldade, enterrando os pés no chão para não correr atrás e segurá-lo; sentindo sua mão soltar a sua, com olhos marejados de lágrimas, tentar ser forte. Relembrar o último momento juntos como se a vida dependesse disso, tentando manter o outro no presente, sem dar-se conta de que já virou passado. Deixado para trás, superado, e esquecido. A facada da vida é a fria verdade de ter sido arquivado.