Um pouco de amor, de filmes, de sonhos... e de mim.

2 de setembro de 2009

a espera.

Três vezes por semana, eu saía às cinco e sentava no banco de cimento do estacionamento, esperando por minha carona. A aula era longa e enfadonha, e o fato de eu conhecer (apenas superficialmente) pouquissímas pessoas de minha sala -que tinha aproximadamente 130 componentes- só a tornava pior.
Eu estava cansada, louca para chegar em casa. Mas fazer o quê? Precisava estar ali. Enquanto tentava revisar e memorizar os assuntos, muito embaçados por conversas e barulhos paralelos à minha concentração, percebi a presença de um homem. Logo reconheci nele um segurança. Cumprimentei e começamos a conversar.
Isso tornou-se uma rotina. Mas havia alguma coisa estranha, alguma coisa errada. Um dia eu acidentalmente comentei que dançava. Pra quê, senhor, pra quê?! Isso foi suficiente para ele me contar tudo o sabia sobre arte. O tio se identificou com uma facilidade incrível, e começou a me mostrar as fotos da arte dele. A arte dele eram quadrinhos de times de futebol esculpidos em madeira, ou frase no estilo "Deus é meu Pastor e nada me faltará".
Me encontrei na situação de evitá-lo. Fazia de tudo para chegar ao mais tardar no estacionamento, e tentava entrar no carro bem rápido, sem nem antes sentar no banquinho de cimento para esperar, sem nem raciocinar sobre tudo que eu havia visto/ouvido durante a tarde. Tudo isso por alguma coisa estranha no sujeito, que eu não consegui identificar por semanas... o homem era tão simpático!
Minha mãe, em uma sexta-feira, olhou para ele, que dava tchauzinho do outro lado da rua.
- Sinto muito por ter que te fazer esperar. Tenho tentado chegar mais cedo para te poupar do papo chato dele, mas ele está sempre aí, te acha inteligentíssima.
Chato. Esse era o problema do cara.

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